segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Tema da Semana #2: Ucrânia - "No country for soft men"

Para esta semana, o tema abordado não podia ser outro que não fosse a queda do regime ucraniano. 




A Ucrânia é um país que serve de tampão entre duas grandes potências. A União Europeia e a Rússia. O que estava em causa, para os cerca de 50 milhões de habitantes daquele país seria: 

1 - Virar para ocidente, e fazer parte integrante de um conjunto de estados com democracia bastante enraízada, estilo de vida cosmopolita e beneficiar dos apoios financeiros europeus. 

2 - Voltar ao passado, juntando-se à Rússia, e aos seus planos para criar uma zona económica composta pelos países das ex-repúblicas soviéticas.

Utilizando uma metáfora, aquele país de leste era, e ainda será até ao momento, uma boneca de trapos disputada por duas crianças que lhe puxam os braços com toda a força. 

Há cerca de um mês atrás, o presidente ucraniano,  Ianukovich, e contra qualquer previsão (ou talvez não), quebrou as negociações que mantinha para adesão à União Europeia, resolvendo ceder à pressão de Vladimir Putin para constituir a união aduaneira acima referida. Na verdade, foram jogadas duas cartadas decisivas. Um empréstimo de alguns milhares de milhões de euros para suprir as necessidades emergentes de um estado em pré-bancarrota e a promessa de descida dos preços da energia (petróleo, gás natural, etc) adquirida à Rússia e de que tanto depende a Ucrânia para sobreviver.

A partir deste momento estava criado o rastilho para o que veio a acontecer. Uma grande parte da população, localizada sobretudo na região ocidental do país, e que é tendencialmente pro U.E., não aceitou a decisão do presidente, considerando-a como uma traição. Como não é um país de brandos costumes, e estando as pessoas fartas da corrupção latente no país, resolveram pegar no problema em mãos com o resultado que aconteceu. Quase 100 mortes e a destituição do presidente. 

Este é apenas o final do primeiro capítulo. Na verdade, nem toda a população é pró-europeia, existindo uma região, a Crimeia que é favorável à Rússia. Em meados do século passado foi "oferecida" por Krutshov à Ucrânia, mas é constituida sobretudo por habitantes russos, e onde está localizada inclusivamente uma base naval daquela potência mundial. Esta situação, pode trazer um problema relativamente semelhante com o que aconteceu no "warm-up" da segunda-guerra mundial, em que a Alemanha Nazi, instigada pelos sudetas (população alemã pertencente à antiga Checoslováquia), ocupou porção do território Checoslovaco em seu auxílio. 

Vamos esperar pelos próximos capítulos, com a certeza que ambas as partes interessadas na "colonização" da Ucrânia vão jogar todos os trunfos disponíveis para vencer a batalha.

Esta revolução, vamos chamar assim, vem no seguimento da primavera árabe, da queda de impérios ditatoriais como o de Saddam Hussein (aqui com uma ajuda), e, se formos mais longe, da desagregação da União Soviética e do derrube do muro de Berlim. Em 30 anos, muita coisa se passou, contudo, o início da nova realidade europeia e mundial, em que quem mais ordena são as populações e que são elas que decidem o seu destino, começou com uma revolução, que ficou conhecida como dos cravos. Numa altura em que muito se fala sobre as exportações portuguesas, talvez essa, tenha sido a maior e mais importante que alguma vez criámos. Essa e aquela que deu novos mundos ao mundo. 

A única diferença de 1974 para 2014, é que agora assistimos em direto e sentados no sofá.




Sem comentários:

Enviar um comentário